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Eneva Inicia Exploração de Gás Natural e Captura de Carbono na Bacia do Paraná

Eneva Inicia Exploração de Gás Natural e Captura de Carbono na Bacia do Paraná

Eneva investe R$ 200 milhões em sísmicas na Bacia do Paraná, buscando gás natural e reservatórios para captura de carbono. Projeto inovador une energia e sustentabilidade com expectativa de perfuração em 2027.

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A Eneva, empresa que atua nos setores de petróleo, gás natural e energia elétrica, iniciou uma nova fase de exploração na Bacia do Paraná, localizada entre os estados de Mato Grosso do Sul e Goiás. O objetivo principal é identificar reservas de gás natural e explorar o potencial de reservatórios salinos para projetos de captura e armazenamento de dióxido de carbono (CO2), uma iniciativa que se alinha à crescente demanda global por soluções sustentáveis e de baixo carbono.

Investimentos e Sísmicas: Um Projeto Ambicioso

Os trabalhos de sísmica, essenciais para mapear o subsolo e identificar potenciais áreas de exploração, começaram em setembro de 2023. O projeto envolve um investimento expressivo de R$ 200 milhões e deve durar aproximadamente um ano e meio. Frederico Miranda, diretor de Exploração e Tecnologias de Baixo Carbono da Eneva, afirmou que a campanha de perfuração tem previsão para iniciar em 2027, marcando o fim de um período de mais de 20 anos sem atividades exploratórias na Bacia do Paraná.

Essa nova fase de exploração não busca apenas gás natural, mas também visa avaliar a viabilidade de armazenamento de carbono em reservatórios salinos, que são formações geológicas profundas compostas por rochas que contêm água salgada inadequada para consumo humano ou industrial. Esses reservatórios representam uma alternativa promissora para o armazenamento seguro e permanente de CO2.

Gás Natural e Descarbonização: A Estratégia da Eneva

O projeto da Eneva na Bacia do Paraná vai além da exploração convencional de gás natural. A empresa enxerga uma oportunidade única de associar a busca por recursos energéticos à captura e armazenamento de carbono, um movimento estratégico que pode beneficiar tanto o meio ambiente quanto o setor de biocombustíveis.

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Miranda destacou que a Eneva já está em conversas avançadas com usinas de etanol, que demonstraram interesse em participar desse projeto de descarbonização. As usinas de cana-de-açúcar, que são grandes emissores de CO2 durante o processo de fermentação, estão buscando reduzir suas emissões para melhorar suas notas de eficiência energético-ambiental. Essa nota é fundamental para que os produtores possam emitir Créditos de Descarbonização (CBios), que geram receita adicional para as usinas.

A proximidade entre as usinas e os blocos exploratórios da Eneva é um fator crucial para o sucesso do projeto. Essa localização geográfica favorável ajuda a reduzir os custos logísticos relacionados ao transporte de CO2, tornando o processo de captura e armazenamento mais eficiente e viável economicamente.

A Vantagem do CO2 Puro nas Usinas de Etanol

Um dos principais fatores que torna as usinas de etanol atraentes para esse tipo de projeto é a alta concentração de CO2 puro produzido durante o processo de fermentação, que varia entre 95% e 98%. Isso contrasta fortemente com o CO2 emitido por termelétricas, que tem uma concentração muito menor, em torno de 4%, tornando o processo de captura muito mais caro e complexo.

Nas termelétricas, o baixo teor de CO2 na exaustão exige um aparato tecnológico maior para capturar as emissões, o que aumenta significativamente os custos. Já nas usinas de etanol, a exaustão de CO2 é praticamente pura, o que reduz consideravelmente os investimentos necessários para captura e torna o projeto muito mais atraente.

Impactos Econômicos Locais e Oportunidades de Desenvolvimento

Além de suas implicações ambientais, o projeto da Eneva na Bacia do Paraná já está trazendo impactos positivos para a economia local. A fase de sísmica criou cerca de 500 empregos diretos, além de gerar uma cadeia de empregos indiretos em setores como hotelaria, alimentação, transporte e lavanderia. A instalação de infraestrutura para exploração de gás natural e captura de carbono também promete transformar a região em um polo tecnológico e econômico de destaque.

Outro fator que pode impulsionar ainda mais o sucesso desse projeto é a criação de um mercado regulado de carbono no Brasil, que ainda está em fase de desenvolvimento. A aprovação do projeto de lei “Combustível do Futuro”, que prevê a captura e armazenamento de CO2 como parte das estratégias nacionais de descarbonização, poderia oferecer incentivos adicionais para projetos como o da Eneva.

Reservatórios Salinos: Um Futuro Promissor para o Brasil

Os reservatórios salinos da Bacia do Paraná representam uma oportunidade estratégica para o Brasil na transição para uma economia de baixo carbono. Ao contrário dos reservatórios depletados de petróleo e gás, que são mais comuns em outros países, os reservatórios salinos oferecem uma alternativa viável para o armazenamento seguro de CO2, sem competir com o uso da água para fins humanos ou industriais.

Miranda destacou que, embora projetos exclusivamente focados na captura e armazenamento de carbono possam ter uma remuneração incerta, a associação dessa tecnologia com a exploração de gás natural traz mais valor ao projeto. A sinergia entre as duas atividades fortalece a viabilidade econômica e ambiental da iniciativa.

Conclusão

A campanha de exploração da Eneva na Bacia do Paraná representa uma oportunidade única de combinar o desenvolvimento de recursos energéticos com soluções inovadoras para a descarbonização. A expectativa de iniciar perfurações em 2027, após um investimento significativo em estudos sísmicos, sinaliza um novo capítulo para a exploração de gás natural no Brasil. Além disso, o projeto de captura e armazenamento de carbono coloca a Eneva na vanguarda das iniciativas sustentáveis, alinhada às metas globais de combate às mudanças climáticas.