Saiba como os rendimentos dos Treasuries reagiram aos dados de auxílio-desemprego e inflação nos EUA, e a expectativa de um possível corte na taxa de juros pelo Federal Reserve.
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Os rendimentos dos Treasuries apresentaram sinais mistos nesta quinta-feira, com movimentações voláteis no mercado financeiro. Enquanto as taxas de curto prazo caíam, os rendimentos de longo prazo subiam. Esses movimentos aconteceram após a divulgação de dados econômicos importantes que revelaram um aumento nos pedidos de auxílio-desemprego e a menor inflação anual registrada nos Estados Unidos desde fevereiro de 2021.
Impacto dos dados de inflação e desemprego nos Treasuries
Os dados mais recentes sobre a economia dos Estados Unidos indicam que o Federal Reserve (Fed) pode estar se preparando para reduzir as taxas de juros em sua próxima reunião de política monetária, agendada para novembro. Esse movimento é motivado pelos sinais de desaceleração na inflação e pelo aumento nos pedidos de auxílio-desemprego. O índice de preços ao consumidor (CPI) registrou um aumento de apenas 0,2% em setembro, a mesma taxa de agosto. Essa foi a menor taxa de inflação anual em mais de dois anos, com uma alta de 2,4% nos últimos 12 meses.
Ao mesmo tempo, os pedidos de auxílio-desemprego subiram consideravelmente, com um aumento de 33.000 pedidos na semana encerrada em 5 de outubro, totalizando 258.000 novos pedidos ajustados sazonalmente. Esse aumento foi influenciado, em parte, por eventos como o furacão Helene e a greve dos trabalhadores portuários, que impactaram algumas regiões dos Estados Unidos.
A combinação desses dados sugere que a economia americana pode estar entrando em um período de desaceleração, levando o Federal Reserve a reconsiderar sua postura de política monetária. O mercado, que há meses acompanha de perto as movimentações do Fed, reagiu rapidamente aos novos dados, com os rendimentos dos Treasuries oscilando em resposta.
Movimentações dos rendimentos de curto e longo prazo
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Os rendimentos dos Treasuries de diferentes prazos reagiram de formas distintas às notícias econômicas. O rendimento de referência do título de 10 anos subiu ligeiramente para 4,073%, após atingir um pico de 4,12% logo após a divulgação dos dados de inflação. Este rendimento é frequentemente utilizado como referência para uma ampla gama de produtos financeiros, incluindo hipotecas, e sua alta sinaliza a preocupação dos investidores com a política monetária futura.
Por outro lado, os rendimentos dos títulos de 2 anos, que são mais sensíveis às expectativas em relação às taxas de juros definidas pelo Federal Reserve, caíram 4,9 pontos-base, para 3,968%. No entanto, mais cedo na sessão, esses rendimentos haviam subido para 4,094%, o maior nível desde meados de agosto. Essa volatilidade reflete as expectativas do mercado de que o Fed pode cortar as taxas de juros em breve, uma vez que a economia dá sinais de desaceleração.
As oscilações nos rendimentos de curto e longo prazo são um reflexo direto da expectativa dos investidores sobre o futuro da economia americana. À medida que os dados de inflação mostram uma moderação e o desemprego cresce, o mercado parece mais convencido de que o Federal Reserve pode reduzir as taxas de juros para estimular o crescimento econômico. De acordo com os cálculos da LSEG, as chances de um corte de 25 pontos-base na reunião de novembro aumentaram para 85%, enquanto a possibilidade de manutenção das taxas caiu para 15%.
Perspectivas para a política monetária do Federal Reserve
O Federal Reserve tem sido bastante cauteloso em suas decisões de política monetária nos últimos meses. Com a inflação ainda acima da meta de 2%, o banco central dos EUA tem mantido uma postura firme, mas os sinais de desaceleração econômica podem forçar uma mudança nessa abordagem.
Steven Blitz, economista-chefe da TS Lombard nos Estados Unidos, descreveu a situação atual como de “estagnação”. Para Blitz, embora alguns aumentos pontuais nos preços tenham sido observados, eles são vistos como temporários. A tendência, segundo ele, é de uma inflação em queda, o que pode justificar um relaxamento na política monetária por parte do Fed. Ele também destacou que, embora os dados de inflação mostrem variações mês a mês, as tendências de longo prazo devem ser analisadas com mais atenção.
O núcleo da inflação, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, subiu 0,3% em setembro, a mesma alta de agosto. Nos últimos 12 meses, esse índice avançou para 3,3%, um aumento leve em relação aos 3,2% registrados no mês anterior. Essa estabilidade na inflação subjacente pode dar ao Federal Reserve o espaço necessário para considerar um corte nas taxas de juros sem o risco de reacender as pressões inflacionárias.
Diferença entre rendimentos de curto e longo prazo
A diferença entre os rendimentos de títulos de curto e longo prazo, conhecida como “curva de juros”, é um indicador amplamente utilizado pelos economistas para prever o comportamento futuro da economia. Uma curva de juros invertida, onde os rendimentos de curto prazo são mais altos que os de longo prazo, costuma ser vista como um sinal de recessão iminente. Atualmente, a diferença entre os rendimentos de 2 e 10 anos está em 10,3 pontos-base, após atingir 12,9 pontos-base no início da semana.
Essa inversão leve sugere que o mercado ainda está cauteloso quanto ao futuro da economia americana, mas a expectativa de um corte nas taxas de juros pode reverter essa tendência nas próximas semanas.
Conclusão
Os rendimentos dos Treasuries têm oscilado significativamente nos últimos dias, refletindo as incertezas do mercado sobre o futuro da política monetária do Federal Reserve. Com a inflação sob controle e um aumento nos pedidos de auxílio-desemprego, cresce a expectativa de que o Fed possa reduzir as taxas de juros em sua próxima reunião. No entanto, o cenário econômico ainda é incerto, e o Federal Reserve precisará equilibrar sua política com cuidado para evitar uma recessão profunda, mantendo o controle sobre a inflação. O mercado continuará volátil até que essas questões sejam resolvidas.
