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Banco Mundial mantém compromissos climáticos apesar de possível retorno de Donald Trump à Casa Branca

Banco Mundial mantém compromissos climáticos apesar de possível retorno de Donald Trump à Casa Branca

Ajay Banga, presidente do Banco Mundial, afirma que os financiamentos para o combate às mudanças climáticas não serão impactados por um possível retorno de Donald Trump à Casa Branca.

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O presidente do Banco Mundial (BM), Ajay Banga, assegurou em uma recente entrevista à AFP que os compromissos da instituição com o financiamento para o combate às mudanças climáticas não serão afetados por um possível retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Ele destacou que o BM já atingiu quase 45% de sua meta de financiamento climático, com o objetivo de alocar 45% dos recursos do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) e da Associação Internacional de Desenvolvimento (AIF) até 2025. A adaptação ao aquecimento global, segundo Banga, é uma questão prioritária e inevitável, tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento.

O compromisso do Banco Mundial com o clima

Desde que assumiu a presidência do Banco Mundial, Ajay Banga vem reforçando o compromisso da instituição com o financiamento de projetos que contribuam para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Uma de suas metas mais ambiciosas é destinar 45% dos financiamentos do BM para ações climáticas até 2025, através do Bird e da AIF. Banga revelou que o banco já atingiu 44% desse objetivo e está confiante de que a meta será superada.

Essa meta foi definida como parte de uma estratégia mais ampla para enfrentar os desafios globais impostos pelo aquecimento global. O presidente do BM destacou que os Estados Unidos, assim como outros países desenvolvidos, também precisam lidar com esses desafios, utilizando o exemplo dos furacões Helene e Milton, que causaram danos significativos no sudeste do país. Ele ressaltou que a adaptação a desastres naturais, como esses furacões, é uma questão prática e inevitável, e que a reconstrução dessas áreas está sendo feita de maneira mais inteligente, com foco na resiliência.

A importância da adaptação climática

No coração das iniciativas do Banco Mundial está a adaptação às mudanças climáticas. Em países em desenvolvimento, onde os impactos do aquecimento global podem ser ainda mais devastadores, o BM tem promovido projetos que buscam mitigar esses efeitos de forma prática e acessível. Um exemplo citado por Banga é a iniciativa de pintar os telhados de escolas em áreas quentes com tinta branca, reduzindo assim a temperatura interna dos edifícios em até 4 graus Celsius. Soluções como essas, simples e de baixo custo, têm o potencial de melhorar significativamente a qualidade de vida das populações afetadas pelo calor extremo.

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Esses projetos exemplificam como o BM está atuando em nível local, ajudando comunidades vulneráveis a se adaptarem às condições climáticas adversas. O foco na adaptação, mais do que na mitigação, torna essas iniciativas menos suscetíveis a mudanças nas políticas governamentais de grandes economias. Segundo Banga, a adaptação é uma necessidade global, e não há governos que se oponham a medidas como essas, que beneficiam diretamente a população.

Potenciais obstáculos com um governo Trump

Embora Ajay Banga tenha se mostrado confiante em relação à continuidade dos projetos climáticos do Banco Mundial, ele também reconheceu que um eventual retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos poderia representar um desafio em outras áreas, particularmente no que diz respeito à transição energética. Trump, durante seu mandato, foi um forte defensor da produção de petróleo e gás, contrariando os esforços globais para reduzir as emissões de carbono e promover o uso de fontes de energia renováveis.

Banga destacou que, sob um governo Trump, o Banco Mundial poderia enfrentar pressões para reduzir o foco em energias renováveis, especialmente em regiões como a África, onde o BM tem trabalhado para conectar 300 milhões de pessoas à rede elétrica. Esse esforço envolve, em grande parte, o uso de energias limpas, como solar e eólica, para fornecer eletricidade de forma sustentável e acessível. Um governo que favoreça combustíveis fósseis poderia dificultar esse progresso.

Apesar desses potenciais obstáculos, o presidente do BM acredita que o mundo está caminhando para uma maior adaptação climática, e que os próprios governos, mesmo os mais conservadores em termos de política energética, reconhecerão a necessidade de se adaptar às novas realidades climáticas.

O impacto das políticas climáticas dos EUA

A política climática dos Estados Unidos tem grande influência no cenário global, e um possível retorno de Donald Trump à Casa Branca poderia causar incertezas quanto ao papel do país em iniciativas internacionais de combate às mudanças climáticas. Durante sua presidência, Trump retirou os EUA do Acordo de Paris, uma ação que enfraqueceu temporariamente a cooperação global em torno de metas de redução de emissões de carbono.

Entretanto, Banga acredita que, com os recentes desastres naturais nos EUA, a adaptação ao clima se tornou uma necessidade inevitável, o que pode minimizar o impacto de políticas federais contrárias ao combate às mudanças climáticas. Mesmo que um governo Trump favoreça o aumento da produção de petróleo e gás, o compromisso do Banco Mundial com a adaptação e mitigação dos efeitos do aquecimento global se manterá firme.

Conclusão

Ajay Banga, presidente do Banco Mundial, reafirma que, mesmo com a possibilidade de um retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, os compromissos da instituição com o financiamento climático continuarão inabaláveis. Embora a transição energética possa enfrentar desafios, o BM seguirá focado na adaptação ao aquecimento global e em ajudar os países em desenvolvimento a lidarem com os impactos das mudanças climáticas. A necessidade de adaptação climática é uma realidade que, segundo Banga, se impõe a todos os governos, independentemente de suas políticas internas, e o Banco Mundial está pronto para continuar desempenhando um papel crucial nesse processo global.