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China Lança Novo Pacote Fiscal para Aliviar Dívidas Locais e Estimular Economia

China Lança Novo Pacote Fiscal para Aliviar Dívidas Locais e Estimular Economia

A China anunciou um pacote de apoio fiscal para aliviar a dívida dos governos locais e enfrentar a crise econômica. Veja como essa medida pode impactar a economia chinesa e global.


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China Adota Novo Pacote Fiscal para Alívio da Dívida e Estímulo à Economia

A China, segunda maior economia do mundo, anunciou uma nova rodada de apoio fiscal com foco em aliviar as dívidas dos governos locais, que enfrentam dificuldades financeiras crescentes. O ministro das Finanças chinês, Lan Foan, sinalizou a possibilidade de mais estímulos no futuro, enquanto o país lida com pressões deflacionárias, uma crise no setor imobiliário e dificuldades econômicas pós-pandemia. A recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos também adiciona incerteza, com possíveis impactos sobre as exportações chinesas devido à ameaça de tarifas elevadas sobre produtos do país asiático.

Medidas do Novo Pacote Fiscal: Alívio da Dívida Local

Pequim permitirá que os governos locais alavanquem até 10 trilhões de iuanes (cerca de 1,4 trilhão de dólares) para reduzir suas dívidas “ocultas” ou fora do balanço. Essa medida visa mitigar riscos financeiros sistêmicos, estabilizando a economia diante de um cenário de menor demanda e instabilidade no setor imobiliário.

Além disso, a cota de endividamento dos governos locais será aumentada em 6 trilhões de iuanes. Outros 4 trilhões de iuanes já aprovados serão utilizados para financiar trocas de dívidas, facilitando a substituição de passivos de curto prazo por dívidas mais sustentáveis. O objetivo do governo é reduzir a pressão sobre os governos locais, sem gerar novos passivos, mas mantendo o foco na sustentabilidade fiscal.

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O Congresso Nacional do Povo, principal órgão legislativo da China, aprovou recentemente um aumento no limite de emissão de títulos especiais para governos locais, passando de 29,52 trilhões para 35,52 trilhões de iuanes. Esses títulos serão fundamentais para financiar os projetos de infraestrutura e resolver o problema da dívida local, oferecendo aos governos locais uma maior flexibilidade financeira.

Análise das Medidas de Alívio da Dívida

Especialistas do setor financeiro têm opiniões mistas sobre o impacto do novo pacote. Huang Xuefeng, diretor de pesquisa da Shanghai Anfang Private Fund Co., comentou que o pacote, apesar de substancial, pode não ter impacto direto no crescimento do PIB, pois a maior parte do recurso será destinada à substituição de dívidas ocultas, sem necessariamente impulsionar novos fluxos de trabalho.

Em outras palavras, embora a medida seja necessária para evitar o agravamento da crise fiscal em nível local, ela pode não gerar o tipo de estímulo direto que investidores esperavam. O risco de inadimplência nos governos locais continua sendo uma preocupação, e a expectativa é que o governo central implemente mais estímulos para sustentar o crescimento econômico de forma mais ampla.

O Papel do Setor Imobiliário e Medidas de Estímulo

Além do alívio da dívida, o governo chinês planeja implementar medidas de apoio ao setor imobiliário, que vive um período de crise com quedas nos preços e aumento dos estoques de imóveis não vendidos. Para lidar com essa situação, Lan Foan destacou que novas políticas serão anunciadas para incentivar a compra de apartamentos não vendidos pelo setor estatal e para a recuperação de terrenos não desenvolvidos das incorporadoras.

Essas ações visam estabilizar o mercado imobiliário, que é um dos pilares da economia chinesa. Com o número crescente de propriedades desocupadas e o risco de inadimplência em projetos de construção, há uma necessidade urgente de reequilibrar o setor, promovendo vendas e recuperando ativos que não estão sendo utilizados. As medidas devem incluir também injeção de capital nos grandes bancos estatais, para garantir que eles tenham liquidez suficiente para lidar com a situação atual.

Desafios e Perspectivas da Economia Chinesa

A economia chinesa enfrenta desafios significativos, que vão desde a pressão deflacionária até a fraca demanda do consumidor. O crescimento econômico do país desacelerou nos últimos anos, com dificuldades no setor de exportação e uma crescente crise no setor imobiliário. A relação com os Estados Unidos, que pode ser impactada por novas políticas comerciais, também traz incertezas para a economia do país.

A recente ameaça de Donald Trump, de impor tarifas de até 60% sobre produtos chineses, eleva ainda mais as tensões comerciais entre as duas potências. Caso essas tarifas sejam implementadas, o setor exportador da China poderá sofrer um impacto significativo, exacerbando a já complexa situação econômica.

O Papel do Governo Chinês na Sustentabilidade Econômica

As trocas de dívidas, anunciadas recentemente pelo governo, têm como objetivo proteger a estabilidade financeira do país, mitigando os riscos de colapso nas finanças locais. Xu Hongcai, vice-presidente do comitê de assuntos financeiros do Congresso Nacional do Povo, ressaltou que essas medidas são fundamentais para controlar os riscos associados ao endividamento local.

Lan Foan, por sua vez, destacou que o governo não apenas busca reduzir a dívida local, mas também introduzirá políticas para fortalecer o setor bancário estatal e apoiar o mercado imobiliário, assegurando uma estrutura financeira mais robusta. Essas medidas refletem o compromisso do governo chinês em garantir a sustentabilidade econômica, adotando uma postura mais interventora para corrigir desequilíbrios estruturais e incentivar a demanda doméstica.

Conclusão

O novo pacote fiscal da China representa uma resposta estratégica do governo para enfrentar os desafios econômicos do país. Ao permitir que os governos locais utilizem recursos significativos para reduzir dívidas ocultas, Pequim busca aliviar as pressões financeiras e evitar um agravamento da crise fiscal. Ao mesmo tempo, as medidas de apoio ao setor imobiliário e ao sistema bancário estatal são passos importantes para estabilizar os mercados e evitar uma recessão prolongada.

Essas ações mostram o compromisso da China em manter sua estabilidade econômica e em evitar uma crise sistêmica. No entanto, os desafios permanecem, e é provável que o governo central continue a adotar medidas adicionais para impulsionar o crescimento e assegurar a sustentabilidade do setor financeiro e imobiliário.