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Financial Times - 11 de novembro

Financial Times - 11 de novembro

Líderes da hospitalidade no Reino Unido alertam sobre cortes de empregos devido ao aumento de impostos, enquanto Rachel Reeves defende o livre comércio em discurso. Empresas britânicas devem receber £700 milhões após decisão da UE.


Aumento de impostos ameaça empregos no setor de hospitalidade do Reino Unido

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O setor de hospitalidade do Reino Unido enfrenta um momento crítico devido às novas medidas tributárias. Mais de 200 líderes empresariais do setor alertaram que os aumentos de impostos sobre a previdência social, promovidos pela ministra das finanças Rachel Reeves, podem resultar em cortes drásticos de empregos e no fechamento de muitos estabelecimentos. Para uma indústria que já está em recuperação lenta, após as grandes perdas geradas pela pandemia e pela inflação, a elevação da carga tributária pode representar um golpe severo. Executivos e especialistas do setor têm feito previsões pessimistas, antecipando perdas de empregos significativas e o fechamento de pequenas e médias empresas que compõem boa parte desse setor.

O impacto previsto abala também outros setores associados, como turismo e lazer, que dependem diretamente dos serviços de hospitalidade. Este efeito em cadeia, segundo os líderes empresariais, poderá desacelerar o crescimento econômico do Reino Unido e impactar negativamente a renda e o consumo de uma parcela considerável da população.

Discurso de Rachel Reeves em defesa do livre comércio

Em meio a esse cenário, a ministra Rachel Reeves planeja usar seu discurso na Mansion House para reforçar os benefícios do livre comércio, em especial como resposta ao aumento do protecionismo nos Estados Unidos, sob a nova liderança do presidente eleito Donald Trump. Com o aumento de tensões globais, o Reino Unido precisa reafirmar seu papel como um defensor do comércio livre e uma ponte para negócios internacionais, um ponto particularmente relevante após o Brexit, que reposicionou o país no cenário global.

Reeves deve destacar que, embora as medidas internas de aumento de impostos sejam necessárias para atender às demandas do sistema previdenciário, o livre comércio oferece ao Reino Unido oportunidades de crescimento e estabilidade a longo prazo. No entanto, a decisão de elevar a carga tributária, mesmo diante das críticas de um setor tão sensível como o de hospitalidade, pode levantar questionamentos sobre a coerência da política econômica do Reino Unido em relação ao crescimento do mercado interno e à competição no mercado internacional.

Consequências para o mercado de trabalho e a economia britânica

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As medidas de aumento de impostos não afetam apenas as finanças das empresas, mas também representam uma ameaça concreta ao mercado de trabalho. O setor de hospitalidade é um dos maiores empregadores no Reino Unido e engloba milhares de pequenos negócios que, para funcionar de forma competitiva, precisam manter uma estrutura de custos estável. A elevação da carga tributária compromete a capacidade dessas empresas de manter suas operações e seus funcionários, aumentando o risco de desemprego.

Os empresários do setor projetam um impacto “drástico” para seus negócios, incluindo previsões de demissões em massa e até o fechamento de empresas menores, que terão dificuldade em cobrir os custos operacionais. Além disso, essa crise no setor de hospitalidade poderá reduzir a arrecadação fiscal do país e gerar aumento dos gastos sociais, já que o governo terá de apoiar trabalhadores que percam seus empregos em decorrência da crise tributária.

Decisão da UE e reembolso para grandes empresas britânicas

Em meio a essa situação complexa, uma decisão recente da União Europeia trouxe algum alívio para grandes empresas britânicas. A UE reverteu uma medida de repressão à ajuda estatal, que obrigava o Reino Unido a cobrar impostos adicionais em determinadas áreas, considerada indevida pelo governo britânico. Com isso, grandes empresas britânicas, como o London Stock Exchange Group (LSEG) e a emissora ITV, devem receber um reembolso de aproximadamente £700 milhões, aliviando a carga financeira sobre essas corporações.

Esse reembolso representa uma notícia positiva para grandes empresas, proporcionando capital adicional que poderá ser revertido em novos investimentos. No entanto, para as pequenas e médias empresas do setor de hospitalidade, que enfrentam as pressões da elevação tributária, esse benefício não chega diretamente. A diferença de tratamento fiscal entre grandes e pequenas empresas suscita discussões sobre a necessidade de uma política tributária mais inclusiva e equilibrada, que garanta competitividade para empresas de todos os portes e segmentos.

Livre comércio versus protecionismo: os desafios do Reino Unido

O discurso de Rachel Reeves em defesa do livre comércio visa reforçar a posição estratégica do Reino Unido como uma nação aberta a negócios globais. No entanto, com o avanço de políticas protecionistas nos Estados Unidos e em outros mercados importantes, o desafio para o Reino Unido é ainda maior, especialmente com a saída da União Europeia. Manter uma posição competitiva e atrativa no comércio global requer mais do que uma postura diplomática: o governo britânico precisa oferecer condições favoráveis para que suas empresas locais cresçam e permaneçam competitivas.

Nesse contexto, o aumento de impostos internos pode parecer contraditório, gerando questionamentos sobre até que ponto o governo britânico está equilibrando o crescimento econômico com a necessidade de aumentar a arrecadação fiscal. Críticos da política tributária de Reeves argumentam que o governo deveria priorizar o incentivo ao crescimento do mercado interno, que é essencial para manter o Reino Unido competitivo em um cenário global cada vez mais restritivo.

Conclusão

O Reino Unido está em uma posição delicada, buscando equilibrar as necessidades de arrecadação fiscal com o objetivo de manter uma economia forte e globalmente integrada. O setor de hospitalidade, um dos mais afetados pela pandemia, ainda luta para se recuperar e teme os efeitos de uma carga tributária mais pesada, que pode resultar em perda de empregos e fechamento de negócios. Ao mesmo tempo, a recente decisão da UE de conceder um reembolso a grandes empresas do Reino Unido pode gerar um impulso para o setor empresarial, mas ainda não aborda as dificuldades enfrentadas pelas pequenas e médias empresas.

Rachel Reeves precisa, portanto, equilibrar a necessidade de arrecadar fundos para sustentar as contas públicas e a previdência social com o impacto econômico dessas medidas. Seu discurso de apoio ao livre comércio é um passo importante para afirmar a posição do Reino Unido no cenário internacional, mas o desafio real é garantir que a política econômica seja benéfica tanto para grandes corporações quanto para pequenos negócios e trabalhadores.

Este cenário reflete os desafios e as contradições de uma economia que busca crescer e prosperar em um contexto de mudanças globais e tensões internas. O governo britânico precisará de estratégias equilibradas e inclusivas para manter o Reino Unido competitivo e socialmente estável diante das pressões do aumento de impostos e do cenário global incerto.