O dólar atinge máxima de dois meses, impulsionado por expectativas de cortes graduais de juros pelo Fed e incertezas eleitorais nos EUA. Saiba mais sobre o impacto no mercado.
Nas últimas semanas, o dólar tem se fortalecido, atingindo sua maior valorização em dois meses e meio, à medida que investidores especulam sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed) em relação à política monetária dos Estados Unidos. Com o ciclo de afrouxamento monetário do Fed em curso, a expectativa é que o banco central adote uma postura mais gradual em seus cortes de juros, o que tem mantido os investidores cautelosos. Além disso, a proximidade das eleições presidenciais norte-americanas adiciona uma camada extra de incerteza ao mercado.
Expectativa de Cortes Graduais de Juros pelo Fed
O mercado financeiro está atento à possibilidade de cortes nas taxas de juros pelo Fed, especialmente após recentes declarações de autoridades da instituição. Na segunda-feira, quatro membros do Fed demonstraram apoio a novos cortes, mas divergiram em relação à velocidade e à profundidade dessas reduções. De acordo com a ferramenta FedWatch da CME, os mercados precificam uma probabilidade de 92% de que o Fed reduzirá a taxa em 25 pontos-base no próximo mês. Um mês atrás, essa probabilidade era de apenas 50%, com muitos investidores esperando um corte mais expressivo de 50 pontos.
Esse cenário de cortes graduais, em vez de uma redução mais drástica, tem sido um fator importante para a valorização do dólar. Segundo Charu Chanana, estrategista-chefe de investimentos do Saxo, a resiliência econômica dos EUA em comparação com outras grandes economias — um fenômeno que muitos chamam de “excepcionalismo americano” — continua impulsionando o dólar. Combinada com a crescente expectativa de uma possível reeleição de Donald Trump, essa perspectiva tem atraído mais investidores para a moeda norte-americana.
Impacto nos Mercados Globais
A força do dólar tem colocado pressão sobre outras moedas importantes, como o iene, o euro e a libra esterlina. A valorização da moeda norte-americana foi impulsionada pelo aumento dos rendimentos dos Treasuries, que tornam os ativos denominados em dólar mais atraentes para os investidores globais. Com isso, moedas como o iene e o euro têm registrado desvalorizações expressivas nas últimas semanas.
O índice do dólar (DXY), que mede o desempenho da moeda norte-americana em relação a uma cesta de seis outras moedas, atingiu 104,02 na segunda-feira, seu valor mais alto desde 1º de agosto. Embora o índice tenha recuado ligeiramente para 103,900 na terça-feira, ele ainda acumula um ganho de mais de 3% no mês até o momento. O euro, por exemplo, era negociado a 1,0827 dólar na terça-feira, uma leve alta de 0,12% no dia, mas ainda próximo do seu nível mais baixo desde 2 de agosto. Já o iene registrou uma leve queda de 0,03% em relação ao dólar, com a moeda norte-americana sendo cotada a 150,78 ienes.
Livro Bege do Fed e Perspectivas Futuras
Os analistas estão de olho na divulgação do Livro Bege do Fed, um relatório que oferece uma visão detalhada das condições econômicas nos EUA. O documento anterior foi apontado como um dos fatores que levou o Fed a cortar os juros em 50 pontos-base em setembro, o que aumentou as expectativas de novos cortes. O Livro Bege, que será divulgado na quarta-feira, pode ter um impacto significativo sobre o dólar, especialmente se o relatório indicar uma desaceleração mais acentuada da economia.
Apesar das pressões para cortes mais agressivos nas taxas de juros, muitos investidores acreditam que o Fed manterá uma abordagem mais cautelosa, implementando reduções menores e de forma mais gradual. Isso garantiria que o banco central tenha margem de manobra caso a economia desacelere ainda mais ou enfrente novos desafios, como as incertezas políticas e econômicas ligadas à eleição presidencial de 2024.
Considerações Finais
A força do dólar, impulsionada pelas expectativas de cortes graduais nas taxas de juros pelo Fed e pelo aumento dos rendimentos dos Treasuries, tem afetado significativamente outras moedas importantes, como o iene, o euro e a libra. Com os investidores focados nas decisões do Federal Reserve e nas incertezas políticas nos Estados Unidos, o cenário econômico global permanece volátil.
O desempenho do dólar nas próximas semanas dependerá não apenas das ações do Fed, mas também dos resultados da eleição presidencial norte-americana, que deve trazer ainda mais volatilidade aos mercados. Para os investidores, o momento é de cautela, com muitos buscando proteger seus ativos em meio a um ambiente econômico global desafiador.