Descubra como a desaceleração do IGP-10 para 0,53% em janeiro reflete nos preços das commodities agropecuárias, consumidores e na construção civil.
IGP-10 desacelera para 0,53% em janeiro
O Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) apresentou alta de 0,53% em janeiro de 2025, desacelerando em relação ao aumento de 1,14% registrado em dezembro. Esse desempenho ficou abaixo da expectativa do mercado, que projetava uma alta de 0,61%. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o recuo nos preços de commodities agropecuárias foi o principal fator responsável pela desaceleração.
O IGP-10 é um indicador essencial para medir a variação dos preços ao longo da cadeia produtiva, abrangendo os custos ao produtor, consumidor e na construção civil. Os resultados de janeiro destacam uma mudança significativa nos preços das commodities, que vinham pressionando a inflação em meses anteriores.
O impacto no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA)
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), responsável por 60% da composição do IGP-10, também desacelerou, subindo 0,57% em janeiro contra 1,54% no mês anterior. Essa redução reflete a desaceleração nos preços do grupo de Matéria-Primas Brutas, que registrou alta de 0,15%, comparada a um aumento de 2,81% em dezembro.
Os itens que mais contribuíram para essa desaceleração foram:
- Soja em grão: redução de 1,08% para -5,00%.
- Bovinos: queda de 7,22% para -4,19%.
- Leite in natura: diminuição de -0,81% para -6,27%.
Esse movimento sinaliza um alívio nos custos para os setores que dependem dessas commodities, o que pode refletir na dinâmica de preços ao consumidor nos próximos meses. Entretanto, a desaceleração no IPA também sugere um enfraquecimento na demanda por produtos básicos, refletindo as incertezas econômicas do período.
Índice de Preços ao Consumidor (IPC) acelera
Em contraste com o comportamento do IPA, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30% do IGP-10, mostrou aceleração, subindo 0,26% em janeiro após registrar queda de 0,02% em dezembro. O aumento reflete principalmente o impacto em itens essenciais e consumo doméstico.
Os destaques entre os itens que impulsionaram o IPC incluem:
- Café em pó: alta expressiva de 6,39% após um aumento de 1,96% no mês anterior.
- Tomate: variação positiva de 10,06%, revertendo a queda de 3,39% em dezembro.
Além disso, seis das oito categorias que compõem o IPC apresentaram acréscimos, com destaque para os grupos Alimentação, Saúde e Cuidados Pessoais, e Vestuário. Esses resultados indicam que, apesar do alívio nas commodities, o consumidor final ainda enfrenta pressões inflacionárias em bens e serviços essenciais.
Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) também avança
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-10), que responde por 10% do IGP-10, acelerou em janeiro, subindo 0,74% após registrar 0,42% em dezembro. Esse aumento reflete a pressão dos custos com materiais, equipamentos e mão de obra no setor de construção civil.
O avanço do INCC é especialmente preocupante, pois pode impactar negativamente o setor imobiliário e a capacidade de investimento em infraestrutura. Com custos crescentes, empreiteiras e consumidores devem sentir os efeitos nas margens de lucro e orçamentos.
Análise setorial e perspectivas futuras
Os resultados de janeiro reforçam a complexidade do cenário econômico brasileiro. A desaceleração no IGP-10 indica alívio em alguns segmentos, mas a pressão inflacionária persiste em outros. Essa dinâmica mista é comum em períodos de transição econômica, onde a instabilidade global e os fatores internos geram impactos diferenciados nos setores produtivos.
A queda nos preços das commodities agropecuárias é uma boa notícia para os consumidores e indústrias que dependem desses insumos, mas o aumento nos custos de bens de consumo e na construção civil sugere que a inflação ainda é uma preocupação relevante.
Desempenho anual do IGP-10
No acumulado de 12 meses, o IGP-10 registrou alta de 6,73%. Apesar da desaceleração mensal, o índice continua mostrando um ritmo de crescimento relevante, impulsionado pelas pressões inflacionárias observadas no final de 2024. Para os próximos meses, analistas esperam que a combinação de desaceleração em commodities e pressão em bens de consumo crie um cenário econômico volátil.
Conclusão
A desaceleração do IGP-10 em janeiro é um reflexo direto do alívio nos preços de commodities agropecuárias, mas o comportamento dos índices que o compõem evidencia pressões inflacionárias persistentes em setores específicos, como o de consumo e construção civil. Esse cenário destaca a necessidade de monitorar de perto as flutuações nos preços, especialmente em um momento em que o mercado busca estabilidade econômica.
A combinação de diferentes dinâmicas setoriais reforça a importância de políticas econômicas equilibradas para mitigar os impactos inflacionários e garantir um crescimento sustentável no longo prazo.