A inflação no Reino Unido caiu para 1,7% em setembro, reforçando expectativas de corte de juros pelo Banco da Inglaterra. Saiba mais sobre o impacto na política monetária e no orçamento de Rachel Reeves.
A inflação britânica registrou uma desaceleração significativa em setembro de 2024, proporcionando um alívio tanto para o Banco da Inglaterra quanto para o governo. A queda na inflação e nos preços monitorados pelo banco central aumentou as chances de um corte na taxa de juros já em novembro. Esse cenário tem se mostrado positivo para a ministra das Finanças, Rachel Reeves, que se prepara para apresentar seu primeiro orçamento no final de outubro.
Queda da Inflação em Setembro
De acordo com dados do Escritório de Estatísticas Nacionais, a inflação anual dos preços ao consumidor caiu para 1,7% em setembro, em comparação com 2,2% no mês anterior. Esta foi a menor leitura desde abril de 2021. A queda foi impulsionada principalmente pela redução nos preços das passagens aéreas e da gasolina, setores que haviam exercido pressão sobre os índices inflacionários nos meses anteriores.
Os economistas consultados pela Reuters esperavam uma inflação de 1,9%, o que faz do resultado de 1,7% uma surpresa positiva para o mercado. Esse número reforçou as expectativas de que o Banco da Inglaterra possa reduzir as taxas de juros em sua próxima reunião de política monetária.
Expectativa de Corte de Juros
Com a inflação mais baixa do que o esperado, os investidores aumentaram suas apostas em um corte de juros até o final do ano. Contratos futuros de juros mostram uma probabilidade de 90% de dois cortes de 25 pontos base até dezembro, contra cerca de 80% anteriormente. Essa tendência está alinhada com a visão de Martin Swannell, economista-chefe da consultoria EY ITEM Club, que afirmou que o obstáculo para um corte de 25 pontos base na reunião de novembro foi praticamente removido.
A dúvida que permanece é se o Banco da Inglaterra vai acelerar o ritmo de cortes em reuniões subsequentes, o que dependeria de uma melhora contínua nos dados de crescimento salarial e inflação. Os números divulgados recentemente mostram que os salários no Reino Unido cresceram em seu ritmo mais lento em mais de dois anos até agosto, e o número de vagas de emprego também diminuiu.
Impacto no Orçamento de Rachel Reeves
Essa queda na inflação ocorre em um momento crucial para Rachel Reeves, ministra das Finanças, que está finalizando seu primeiro orçamento, previsto para ser apresentado em 30 de outubro. Com a inflação mais controlada, Reeves pode encontrar mais espaço para manobrar em relação a investimentos em serviços públicos e infraestrutura, sem causar alarde nos mercados financeiros.
Um cenário de inflação mais baixa oferece uma perspectiva fiscal ligeiramente melhor, o que facilita o planejamento orçamentário. Reeves tem enfrentado desafios ao tentar equilibrar a necessidade de investir em setores essenciais e ao mesmo tempo manter a confiança dos investidores, que estão atentos às políticas de controle de gastos do governo.
Desafios para o Banco da Inglaterra
Apesar da queda nos preços, o Banco da Inglaterra permanece cauteloso. O núcleo da inflação, que exclui itens voláteis como energia e alimentos, também registrou uma desaceleração, passando de 3,6% em agosto para 3,2% em setembro. No entanto, a inflação dos serviços, um dos principais indicadores monitorados pelo banco para avaliar pressões inflacionárias internas, também caiu para 4,9%, o nível mais baixo desde maio de 2022.
Essa desaceleração foi em grande parte influenciada pela queda nas tarifas aéreas, um componente notoriamente volátil no cálculo da inflação. O banco central provavelmente levará essa volatilidade em consideração ao definir sua política monetária nas próximas reuniões.
Conclusão
A desaceleração da inflação no Reino Unido em setembro trouxe uma perspectiva mais otimista para a economia britânica e reforçou as apostas em cortes nas taxas de juros. Enquanto o Banco da Inglaterra se prepara para suas próximas decisões de política monetária, Rachel Reeves tem uma oportunidade de aproveitar esse ambiente econômico mais favorável ao preparar seu primeiro orçamento. Embora desafios permaneçam, a combinação de menor inflação e expectativas de redução de juros pode criar um cenário mais estável para o governo e os mercados.