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O presidente argentino Javier Milei anuncia continuidade do plano “motosserra” para 2025. Impactos incluem cortes de gastos públicos, redução do Estado e crise social.


Javier Milei e o Plano “Motosserra”: Reformas e Controvérsias

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O presidente da Argentina, Javier Milei, confirmou que dará continuidade ao polêmico plano “motosserra” em 2025. A estratégia ultraliberal, que visa cortes drásticos nos gastos públicos e uma profunda redução do tamanho do Estado, tem gerado tanto resultados econômicos quanto tensões sociais significativas. Desde sua posse, em dezembro de 2023, Milei implementou medidas como a eliminação de subsídios, demissões em massa no setor público e cortes em obras públicas.

Essas ações fazem parte de sua promessa de transformar radicalmente a economia argentina, que enfrenta desafios históricos como inflação alta e um Estado inchado. Apesar de serem amplamente criticadas por suas implicações sociais, as políticas também apresentam resultados positivos no controle do orçamento e no combate à inflação descontrolada.

Avanços Econômicos: Superávit Fiscal e Controle da Inflação

As políticas de Milei resultaram no primeiro superávit fiscal da Argentina desde 2008. Esse feito foi alcançado graças a uma combinação de cortes no orçamento e desregulamentação econômica. Em paralelo, a inflação, que em dezembro de 2023 atingiu 25%, desacelerou significativamente, chegando a 2,7% em outubro de 2024. Isso representa um marco importante para um país que historicamente lida com inflação galopante.

No entanto, o alívio não foi suficiente para solucionar os problemas estruturais da economia. A inflação anual permanece em níveis alarmantes, situando-se entre as mais altas do mundo, com 193%. Embora o ritmo de aumento de preços tenha diminuído, a economia enfrenta uma recessão acentuada, com queda no Produto Interno Bruto (PIB) por três trimestres consecutivos. O Banco Mundial prevê uma contração de 3,5% para 2024, colocando mais pressão sobre o governo.

Crescente Pobreza e Repercussões Sociais

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As medidas de ajuste fiscal intensificaram os desafios sociais, elevando o índice de pobreza na Argentina para 52,9% no primeiro semestre de 2024. Esse aumento representa 11,2 pontos percentuais em relação ao semestre anterior, evidenciando o impacto direto das políticas de cortes de gastos e desregulação. Entre as ações mais criticadas estão as demissões de mais de 33 mil funcionários públicos, a suspensão de financiamentos às províncias e a redução de obras públicas.

Essa combinação de fatores tem gerado forte descontentamento social. Setores da sociedade civil e líderes da oposição criticam as políticas de Milei por priorizarem a estabilidade econômica em detrimento das necessidades básicas da população. No entanto, o presidente e seus aliados argumentam que as medidas são necessárias para garantir um futuro sustentável para o país.

Desafios Políticos: O Orçamento de 2025

Com o fim do período de sessões ordinárias no Congresso se aproximando, o governo enfrenta um novo desafio: a aprovação do orçamento de 2025. O projeto aloca recursos para administrar um Estado onde mais da metade da população vive em situação de pobreza. No entanto, a falta de consenso entre as forças políticas dificulta a aprovação das contas na Câmara dos Deputados. Caso o orçamento não seja aprovado, o governo pode recorrer ao orçamento de 2023, prorrogando-o novamente, como ocorreu após o fracasso na votação do orçamento de 2024.

Se o orçamento de 2023 for prorrogado, o governo terá liberdade para gastar o excedente entre o previsto e a arrecadação de 2025 de maneira discricionária. Essa possibilidade gera preocupações sobre a transparência e o impacto de decisões fiscais no longo prazo. O cenário também aumenta a incerteza política e econômica, especialmente em um contexto de recessão e pobreza crescente.

Perspectivas para 2025: Continuidade e Incertezas

O plano “motosserra” continuará sendo o eixo central da política econômica de Milei em 2025. Apesar de ter conseguido estabilizar parcialmente a inflação e alcançar o superávit fiscal, os custos sociais e a recessão colocam em xeque a viabilidade de seu modelo ultraliberal. A gestão de Milei precisará encontrar maneiras de equilibrar sua agenda de ajustes fiscais com a crescente pressão social para atender às necessidades da população mais vulnerável.

As próximas decisões do governo, incluindo a resolução da aprovação do orçamento de 2025, serão cruciais para determinar o futuro econômico e social da Argentina. A polarização política no Congresso e as dificuldades econômicas indicam que 2025 será um ano desafiador para o país e sua população.