A China se mostra confiante em alcançar a meta de crescimento de 2024, mas falta de estímulos decepciona investidores. Entenda como essa postura impacta o mercado e as previsões para o futuro.
A China afirmou recentemente estar “totalmente confiante” em alcançar sua meta de crescimento anual de cerca de 5%, conforme anunciado pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR). No entanto, a falta de medidas fiscais mais agressivas decepcionou investidores e economistas que esperavam um pacote de estímulos mais robusto. Esta posição, apesar de otimista, levantou dúvidas sobre a recuperação econômica do país, que enfrenta desafios no mercado imobiliário e volatilidade internacional.
Confiança do Governo Chinês
Em uma coletiva de imprensa recente, Zheng Shanjie, presidente da CNDR, destacou que a China emitirá 200 bilhões de iuanes (cerca de 28,3 bilhões de dólares) em gastos orçamentários antecipados e projetos de investimento a partir de 2024. Essa injeção financeira, no entanto, foi vista como insuficiente diante dos desafios enfrentados pela economia chinesa.
Zheng também mencionou que o país acelerará os gastos fiscais e que todos os setores da economia devem se esforçar para fortalecer as políticas macroeconômicas. O principal foco do governo parece ser estabilizar a economia e mitigar os impactos adversos causados pela intensificação do protecionismo comercial global e pela volatilidade nos mercados internacionais.
Expectativas dos Investidores
Apesar das declarações do governo, o mercado não reagiu positivamente. As ações chinesas subiram brevemente após um longo feriado de uma semana, atingindo o maior nível em dois anos, mas rapidamente perderam força devido à ausência de detalhes sobre novas medidas de estímulo. O estrategista cambial da OCBC, Christopher Wong, afirmou que as expectativas de mais apoio fiscal eram altas, mas a coletiva de imprensa entregou poucos detalhes concretos.
Economistas têm destacado a necessidade de um apoio fiscal mais substancial para sustentar o otimismo do mercado. A recuperação econômica da China, segundo muitos especialistas, depende de uma intervenção mais ativa para resolver problemas como a crise imobiliária e a desaceleração no consumo.
Pacotes de Estímulo e Desafios
Antes do feriado nacional, a China havia anunciado seu pacote de estímulo monetário mais agressivo desde a pandemia de Covid-19, com foco especial no setor imobiliário. No entanto, os analistas afirmam que, embora essa medida seja importante, levará tempo para restaurar a confiança dos consumidores e das empresas. A crise no mercado imobiliário, por exemplo, continua sendo um obstáculo significativo para uma recuperação mais rápida.
Yue Su, economista para China da Economist Intelligence Unit (EIU), mencionou que o governo provavelmente fornecerá de 1 a 3 trilhões de iuanes em apoio fiscal adicional nos próximos anos para impulsionar a economia, recapitalizar bancos e estabilizar o mercado imobiliário. A expectativa é que esse suporte, juntamente com os investimentos em títulos de longo prazo planejados para 2024, impacte significativamente o crescimento econômico de 2025.
Perspectivas para o Crescimento Econômico
Apesar dos desafios, a previsão de crescimento econômico da China para 2024 permanece em torno de 4,7%, com uma ligeira melhora prevista para 2025, atingindo 4,8%. Esses números indicam que, mesmo com um ritmo mais lento, a economia chinesa deve continuar crescendo nos próximos anos, ainda que de maneira mais contida.
A meta de crescimento estabelecida pelo governo, de cerca de 5% para 2024, parece ambiciosa diante dos sinais de desaceleração observados desde o segundo trimestre deste ano. A diminuição no ímpeto do crescimento foi atribuída, em parte, à crise imobiliária, que afetou os gastos das famílias e o sentimento empresarial.
Impactos no Mercado Global
A desaceleração da economia chinesa tem repercussões globais, especialmente em países que dependem fortemente do comércio e dos investimentos chineses. A intensificação do protecionismo comercial e o aumento da incerteza nos mercados internacionais também aumentam a pressão sobre a economia global.
Investidores globais continuam atentos às próximas movimentações do governo chinês, esperando por mais clareza e medidas que possam estimular uma recuperação econômica mais robusta. Até que isso aconteça, a confiança do mercado permanece abalada, o que pode gerar volatilidade nos mercados financeiros e nos preços das commodities.
Conclusão
Embora a China demonstre confiança em atingir sua meta de crescimento para 2024, a falta de medidas fiscais mais fortes tem gerado incerteza entre investidores e economistas. A recuperação econômica do país, especialmente no setor imobiliário, deve ser gradual, e a confiança no mercado ainda precisa ser restaurada. Para alcançar uma retomada sólida, espera-se que o governo adote um pacote fiscal mais agressivo nos próximos meses, o que poderia, finalmente, impulsionar a economia de volta aos trilhos.