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Deturpação de Decisões da FDA sobre IQOS

Seis grupos de saúde criticam a Philip Morris International por deturpar decisões da FDA sobre o dispositivo de tabaco aquecido IQOS. Entenda os detalhes dessa controvérsia.

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A Philip Morris International (PMI) enfrenta novas críticas de grupos de ativistas da saúde nos Estados Unidos. Seis organizações, incluindo a Campanha para Crianças Livres de Tabaco, a Academia Americana de Pediatria e a Associação Americana de Pulmão, escreveram à Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA) acusando a PMI de deturpar decisões regulamentares anteriores relacionadas ao seu principal dispositivo de tabaco aquecido, o IQOS.

Os grupos de saúde alegam que a PMI fez declarações enganosas ao sugerir que a FDA havia concluído que o IQOS reduz o risco de doenças, o que, segundo os ativistas, não é verdade. A carta, datada de 27 de junho, menciona quatro exemplos de tais declarações nos Estados Unidos, Filipinas, México e Cazaquistão. Além disso, a carta destaca que os próximos estudos independentes contradizem as estimativas da PMI sobre quantos usuários do IQOS abandonam completamente o cigarro.

Em resposta à carta, um porta-voz da PMI afirmou que a empresa discute seus produtos de acordo com todas as leis aplicáveis. Embora não tenha abordado cada exemplo citado pelos ativistas, o porta-voz afirmou que parte da linguagem apontada pelos grupos de saúde está, na opinião da empresa, em conformidade com as ordens da FDA.

A FDA reconheceu ter recebido a carta dos ativistas e afirmou que responderá diretamente aos remetentes, mas não comentou mais sobre o assunto. Dispositivos como o IQOS aquecem pedaços de tabaco moído sem queimá-los, tentando evitar os produtos químicos nocivos liberados pela combustão. A FDA autorizou pela primeira vez a PMI a vender uma versão mais antiga do IQOS em 2019, permitindo à empresa comercializá-lo como oferecendo exposição reduzida a produtos químicos nocivos em comparação com os cigarros para fumantes que mudam completamente para o dispositivo.

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Os ativistas também citaram dados preliminares de estudos do Projeto Internacional de Controle do Tabaco (ITC) no Japão e na Coreia, que contradizem as conclusões da PMI sobre quantos usuários do IQOS abandonam completamente os cigarros. Os estudos do ITC mostraram que a taxa de abandono do cigarro foi de apenas 15% no Japão e 30% na Coreia em 2021, em comparação com as estimativas mais otimistas da PMI.

O Japão é o maior mercado para o IQOS, e a introdução do tabaco aquecido coincidiu com um declínio acelerado nas vendas de cigarros. No entanto, o uso dual, onde os usuários utilizam tanto o IQOS quanto os cigarros, é uma preocupação significativa, pois pode levar a um aumento geral no consumo de tabaco. A PMI apontou para uma pesquisa de saúde do governo japonês de 2019, onde 75% dos entrevistados que usavam tabaco aquecido relataram não fumar. Entretanto, um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Georgetown destacou falhas nessa pesquisa, incluindo mudanças no formato das perguntas que poderiam levar à subnotificação do tabagismo.

O PMI solicitou em 2023 a renovação das suas ordens de modificação de exposição existentes e também apresentou um pedido para vender e comercializar uma versão mais recente do dispositivo IQOS. A FDA ainda não decidiu sobre essas aplicações. Comercializar o IQOS como tendo benefícios para a saúde em comparação com os cigarros tradicionais poderia ajudar a PMI a persuadir os consumidores a mudar, além de obter benefícios fiscais em alguns estados dos EUA.

A controvérsia em torno do IQOS e as acusações de deturpação destacam os desafios que a PMI enfrenta ao tentar expandir seu mercado de dispositivos de tabaco aquecido. A resposta da FDA e a reação do público às alegações dos ativistas serão cruciais para determinar o futuro do IQOS nos Estados Unidos.