O mercado de cobre está passando por uma fase de volatilidade, com preços em queda e superávits em expansão. Entenda as razões por trás dessas mudanças e o que esperar para o futuro do cobre, um metal crucial para a transição energética e a inovação tecnológica.
O mercado de cobre está enfrentando uma fase desafiadora, com uma significativa queda nos preços e a formação de superávits inesperados. Inicialmente, o cobre experimentou uma alta notável no início deste ano, impulsionado por um frenesi de compra de fundos que antecipava uma escassez do metal em relação à demanda. Esse otimismo fez com que os preços atingissem um recorde de mais de US$ 11.100 por tonelada métrica na Bolsa de Metais de Londres (LME) em maio. No entanto, o cenário mudou drasticamente desde então, com o cobre caindo quase 20%, levando a uma fase de ajuste no mercado.
Mudanças no Mercado e Queda de Preços
O frenesi de compra foi inicialmente alimentado pela expectativa de que a oferta de cobre não conseguiria acompanhar a demanda crescente. Esse otimismo fez com que os preços subissem rapidamente, atraindo comerciantes de momentum que ajudaram a inflacionar ainda mais os valores. No entanto, uma atividade industrial persistentemente fraca acabou revertendo essa tendência. O enfraquecimento da demanda, especialmente na China — o maior consumidor mundial de cobre — trouxe o mercado físico de volta ao controle.
A queda no preço do cobre foi exacerbada pela suspensão das compras por parte dos consumidores e pelo aumento dos estoques nos armazéns da LME. A analista da Macquarie, Alice Fox, observa que a combinação de demanda fraca e produção refinada aumentada resultou em um superávit de cobre mais cedo do que o esperado. Fox prevê excedentes de 265.000 toneladas métricas para este ano, 305.000 toneladas para 2025 e 436.000 toneladas para 2026. Ela sugere que os preços do cobre podem se recuperar no quarto trimestre se os estoques da bolsa diminuírem, mas sem um crescimento global robusto, os superávits futuros podem manter os preços baixos por um período prolongado.
Impactos Econômicos e Estoques Crescentes
A recente queda nos preços do cobre é visível nos mínimos de quatro meses e meio atingidos pela LME em agosto, quando o cobre caiu para US$ 8.714 por tonelada. Essa queda foi amplificada pelos temores de recessão nos EUA e pela percepção de que o Federal Reserve pode ter mantido as taxas de juros elevadas por muito tempo, o que afetou negativamente o sentimento do mercado. A combinação de estoques crescentes e demanda fraca gerou uma pressão adicional sobre os preços.
A China, que consome mais da metade do cobre refinado globalmente, enfrenta desafios significativos. O país está lidando com um mercado imobiliário em declínio e uma indústria manufatureira estagnada, resultando em uma demanda interna enfraquecida. David Wilson, analista do BNP Paribas, observa que, ao excluir as exportações, a demanda doméstica na China parece anêmica. Ele prevê um excedente de cobre entre 150.000 e 200.000 toneladas para este ano, com fabricantes reduzindo estoques devido à incerteza quanto às perspectivas de demanda e exportações.
Armazenamento e Tendências no Mercado
Dados do International Copper Study Group (ICSG) mostram um superávit de 416.000 toneladas no mercado de cobre entre janeiro e maio, desafiando as expectativas de déficits para este ano. Os estoques de cobre nos armazéns da LME atingiram máximas de cinco anos, com um aumento de cerca de 200% desde meados de maio. Grande parte desse cobre foi entregue aos armazéns da LME na Coreia e em Taiwan por produtores chineses que enfrentavam dificuldades para vender no mercado interno.
A ameaça de uma greve prolongada na mina de cobre Escondida, no Chile, uma das maiores fontes globais do metal, levantou preocupações sobre uma oferta mais restrita. No entanto, um acordo recente ajudou a dissipar esses temores, pelo menos no curto prazo.
Perspectivas a Longo Prazo
Apesar dos desafios atuais, as perspectivas para o cobre a longo prazo permanecem positivas. As mudanças estruturais no consumo de cobre, impulsionadas pela inovação tecnológica e pela transição energética, devem criar déficits futuros no mercado. Gary Nagle, CEO da Glencore, ressalta que o cobre continua sendo crucial para a descarbonização, com grandes investimentos em data centers de inteligência artificial e infraestrutura renovável demandando quantidades significativas do metal.
Em resumo, o mercado de cobre está enfrentando uma fase de volatilidade, com preços em queda e superávits em expansão. No entanto, a longo prazo, o potencial aumento na demanda devido a novas tecnologias e iniciativas de sustentabilidade pode oferecer oportunidades de recuperação para o mercado. Investidores e participantes do setor devem estar preparados para ajustar suas estratégias conforme o mercado evolui e responde às condições econômicas globais.