O dólar subiu frente ao real nesta sexta-feira, ampliando os ganhos após dados de criação de emprego nos EUA ficarem bem abaixo do esperado. Entenda os impactos desses dados no mercado e as perspectivas para o Federal Reserve e moedas emergentes.
Nesta sexta-feira, o dólar registrou uma alta frente ao real, cotado acima de 5,75 reais, ampliando os ganhos da véspera. Às 9h45, o dólar à vista (BRBY) subia 0,5%, sendo negociado a 5,7652 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento (DOLc1) tinha uma alta marginal de 0,02%, a 5.772,5 reais na venda.
Na quinta-feira, o dólar à vista fechou o dia a 5,7364 reais, marcando uma alta de 1,43% e atingindo o maior fechamento desde 21 de dezembro de 2021. Esse movimento de alta reflete uma reação direta aos dados mais recentes do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que vieram significativamente abaixo das expectativas.
O Departamento de Trabalho dos EUA divulgou que foram criadas 114.000 novas vagas de emprego em julho, uma revisão para baixo em relação às 179.000 vagas do mês anterior e bem abaixo das 206.000 vagas inicialmente reportadas. Economistas consultados pela Reuters haviam projetado a criação de 175.000 postos de trabalho para julho. Esses números indicam um esfriamento no mercado de trabalho norte-americano, o que, teoricamente, poderia ser positivo para o real.
Contudo, os dados também elevaram os temores dos mercados sobre um possível enfraquecimento na atividade econômica dos EUA, levando a uma aversão ao risco e fortalecendo o dólar em relação a suas moedas emergentes pares. A expectativa é de que o Federal Reserve possa iniciar um ciclo de afrouxamento monetário em resposta à desaceleração econômica, mas o cenário atual de aversão ao risco está compensando esse potencial efeito positivo para o real.
Além disso, o impacto dos dados de emprego se somou à recente medida sobre a atividade manufatureira nos EUA, que caiu para o nível mais baixo em oito meses. Essa combinação de indicadores fracos alimentou as expectativas de uma redução mais agressiva na taxa de juros pelo Fed.
Os operadores agora estão elevando suas apostas para um corte de 0,5 ponto percentual na taxa de juros dos EUA em setembro, com uma chance de 70%, em comparação com a previsão anterior de 70% para uma redução de 0,25 ponto percentual. O Fed manteve a taxa de juros inalterada em sua reunião na quarta-feira, mas deixou a porta aberta para uma possível redução no próximo encontro, em meio ao cenário de desaceleração da inflação em direção à meta de 2%.
Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, comentou que “esse ambiente de dados mais fracos para os EUA está reforçando uma percepção de ‘growth scare’ no país, ou seja, um receio entre investidores de que a economia possa estar desacelerando de forma mais rápida e intensa do que o esperado.” Mattos também observou que “se o dado do payroll é muito fraco, é provável que ele provoque um efeito de intensificar essa aversão ao risco.”
Além do fortalecimento do dólar em relação ao real, a moeda norte-americana também avançou contra outras moedas emergentes, como o peso chileno (USDCLP) e o peso mexicano (USDMXN). Enquanto isso, o desempenho do iene está em foco, já que a moeda japonesa experimenta nova recuperação após o Banco do Japão elevar sua taxa de juros na quarta-feira. O dólar caiu 1,55% em relação ao iene (USDJPY), negociado a 147,05.
Os preços das commodities também estão no radar dos investidores, com as tensões no Oriente Médio e as perspectivas econômicas deterioradas da China, maior importador de matérias-primas do mundo, impactando o mercado. O índice do dólar (DXY), que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, registrava uma queda de 0,73%, a 103,600.