A dívida pública federal do Brasil caiu 1,46% em agosto, totalizando R$ 7,03 trilhões. Saiba mais sobre o impacto das mudanças no Plano Anual de Financiamento e a participação crescente de títulos atrelados à Selic.
Dívida Pública Federal do Brasil registra queda de 1,46% em agosto
A dívida pública federal do Brasil apresentou uma redução de 1,46% em agosto, comparado ao mês anterior, totalizando R$ 7,036 trilhões, conforme divulgado pelo Tesouro Nacional nesta segunda-feira. A diminuição reflete um resgate líquido de R$ 163,17 bilhões, que foi parcialmente neutralizado pela incorporação de juros no valor de R$ 57,46 bilhões. Esse resultado marca um movimento importante na gestão da dívida pública, em um contexto de ajustes na política financeira do governo.
Composição da dívida: DPMFi e DPFe
A dívida pública mobiliária federal interna (DPMFi), que representa a maior parte do endividamento, somou R$ 6,716 trilhões, registrando uma queda de 1,55% em agosto. Já a dívida pública federal externa (DPFe) subiu 0,48%, alcançando R$ 319 bilhões. Esses dados mostram um equilíbrio nas movimentações financeiras, com destaque para o comportamento da dívida interna, que sofreu uma queda mais expressiva.
Redução no custo médio da dívida
Outro aspecto relevante observado em agosto foi a queda no custo médio do estoque da dívida pública federal acumulado em 12 meses. O custo caiu de 11,35% ao ano, registrado em julho, para 11,08% ao ano. Além disso, o custo médio das novas emissões de títulos da dívida interna também apresentou redução, de 10,90% para 10,80% ao ano.
Essa diminuição no custo reflete a melhora nas condições de financiamento do governo, resultado de uma gestão eficiente do Tesouro Nacional e de um cenário econômico que favoreceu a queda dos juros.
Prazo médio de vencimento dos títulos
Durante o período, o prazo médio de vencimento dos títulos da dívida pública federal também apresentou elevação. O prazo subiu para 4,11 anos em agosto, ante 4,03 anos em julho, indicando que o governo está conseguindo alongar os vencimentos dos seus títulos. Essa estratégia é importante para reduzir o risco de refinanciamento e dar maior previsibilidade ao planejamento da dívida pública.
Aumento da participação de títulos atrelados à Selic
Um dos principais fatores observados no relatório foi o aumento da participação de títulos atrelados à taxa Selic no estoque total da dívida pública. A mudança faz parte de um ajuste no Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2024, anunciado pelo Tesouro no início do mês. O PAF agora prevê uma maior fatia de títulos vinculados à Selic, passando para um patamar entre 43% e 47%, ante a meta anterior de 40% a 44%.
Em agosto, a participação desses títulos já estava próxima do novo teto estabelecido, subindo de 44,95% em julho para 46,85%. Esse aumento reforça a estratégia do governo de ajustar a composição da dívida pública às condições do mercado, utilizando mais títulos atrelados à Selic, que estão diretamente relacionados às taxas de juros de curto prazo.
Ajustes no Plano Anual de Financiamento (PAF)
A mudança nas metas do Plano Anual de Financiamento (PAF) reflete uma estratégia do Tesouro Nacional de se adaptar às condições do mercado, especialmente em um contexto de incertezas econômicas globais e internas. A elevação da meta para os títulos atrelados à Selic oferece mais flexibilidade ao governo, já que esses papéis acompanham as variações da taxa básica de juros definida pelo Banco Central.
Por outro lado, essa estratégia também implica um risco maior em um cenário de alta de juros, o que exigirá uma gestão cuidadosa por parte do Tesouro para equilibrar o custo da dívida e manter a sustentabilidade fiscal.
Conclusão
A redução de 1,46% na dívida pública federal em agosto é um indicativo positivo da gestão eficiente do endividamento público pelo Tesouro Nacional. A queda no custo médio da dívida e o alongamento dos prazos de vencimento dos títulos são sinais de uma estratégia eficaz para garantir a sustentabilidade da dívida a longo prazo.
No entanto, o aumento da participação de títulos atrelados à Selic demanda atenção, especialmente em um cenário de possíveis variações nas taxas de juros. O ajuste no Plano Anual de Financiamento para 2024 reforça a flexibilidade da política financeira do governo, mas requer monitoramento constante das condições econômicas para evitar um aumento excessivo nos custos da dívida.
Com essas medidas, o Tesouro busca um equilíbrio entre controle fiscal, sustentabilidade da dívida e adaptação às condições do mercado, garantindo maior segurança para o financiamento das necessidades do governo nos próximos anos.